Problemas cardiovasculares são a principal causa de mortes naturais no Brasil e fazem mais vítimas que todas as formas de câncer e traumas físicos
O principal músculo do corpo requer cuidados e recomendações em prol da longevidade e qualidade de vida. Consultar-se com um cardiologista é fundamental visando à manutenção da saúde do coração.
“Em pacientes com fatores de risco, a consulta deve ocorrer entre os 30 e 35 anos”, afirma o cardiologista, Eduardo Rodrigues Bento Costa. Anabolizantes, termogênicos, suplementos e inibidores de apetite só devem ser utilizados mediante orientação médica com reconhecida competência.
Dentre mitos e verdades, o especialista explica que o consumo moderado de vinho pode ocasionar benefícios – desde que a pessoa não apresente histórico de outros problemas que comprometam o consumo de bebidas alcoólicas. Confira os principais trechos da entrevista.
Com qual idade deve-se consultar um cardiologista?
Dr. Eduardo Rodrigues Bento Costa - A consulta com cardiologista depende de alguns fatores, entre eles a presença ou não de fatores de risco, como obesidade, hipertensão, tabagismo, estresse, sedentarismo, diabetes, colesterol elevado, história de doenças do coração em familiares, etc. Em pacientes com fatores de risco, a consulta deverá ser mais precoce, entre 30 e 35 anos (em média), sendo que em alguns casos recomenda-se a consulta em pacientes ainda mais jovens. Em paciente sem fatores de risco, a consulta pode ser feita mais tardiamente, entre 40 e 50 anos.
Existe uma periodicidade ideal de consultas conforme as faixas etárias?
Dr. Eduardo Costa - Não há regras fixas, deve ser seguida a recomendação do médico.
Quais os principais sintomas de problemas ou complicações cardíacas? Quando se deve procurar um cardiologista?
Dr. Eduardo Costa - A percepção de sintomas como dor no peito, falta de ar desproporcional à atividade exercida, tonturas, desmaios, palpitações (“batedeira”), devem ser motivos de procura de atendimento por cardiologista.
Stress e cansaço favorecem problemas cardíacos?
Dr. Eduardo Costa - Sim, podem levar a doenças cardíacas em pessoas com predisposição.
Quais medidas preventivas podem ser feitas durante o verão?
Dr. Eduardo Costa - As medidas são básicas e conhecidas por todos, mas nem sempre seguidas: tomar bastante líquidos, alimentação leve e rica em frutas, legumes, carnes magras, evitando-se alimentos gordurosos ou “pesados”. Evitar esportes ou atividade física em momentos de muito calor também é fundamental. Escolha momentos mais frescos como no começo da manhã ou no final da tarde.
Atividade física é saudável para o coração? Até que ponto? O ideal é passar por uma consulta/avaliação antes de iniciar um esporte?
Dr. Eduardo Costa – A atividade física é muito importante para a prevenção de doenças do coração e até mesmo para aquelas pessoas que já tenham problemas conhecidos. Porém, como tudo na vida, o equilíbrio e o bom senso são fundamentais! É um erro pensar que o exercício exagerado irá “proteger mais o coração”. Exercícios exagerados são reconhecidamente como fonte de problemas sérios para o coração. E não se esqueça, antes de iniciar a prática de esportes é importante uma avaliação com o cardiologista.
Anabolizantes, termogênicos, suplementos e inibidores de apetite são prejudiciais ao coração?
Dr. Eduardo Costa - Esses produtos químicos podem ser altamente prejudiciais à saúde, especialmente ao coração. Nunca faça uso de nenhum dessas substâncias sem a orientação de um médico de reconhecida competência e imparcialidade.
Qual a relevância do álcool e cigarro nos problemas cardíacos? Tomar uma taça de vinho por dia faz bem ao coração?
Dr. Eduardo Costa - O excesso no consumo de álcool e o tabagismo certamente pode prejudicar nossa saúde. Mas, de fato o vinho contém substâncias que podem trazer benefícios ao coração. Mas lembre-se, o consumo deve ser em pequenas quantidades (uma taça por dia) e desde que não existam outros problemas como doenças do fígado, diabetes, aumento do ácido úrico, uso concomitante de alguns remédios, perfil psicológico que predisponha ao alcoolismo, etc…
Anticoncepcionais e medicações para disfunção erétil podem ser prejudiciais ao coração?
Dr. Eduardo Costa - Sim, esses medicamentos só podem ser usados após criteriosa análise de seu médico, que conhece as condições nas quais eles devem ser evitados.
É verdade que problemas cardiovasculares são a principal causa de mortes naturais no Brasil? Por quê?
Dr. Eduardo Costa - Sim, é verdade. As doenças cardiovasculares matam mais que todas as formas de câncer ou traumas físicos. As causas são as velhas conhecidas de todos: os hábitos nada saudáveis da “vida moderna”, como estresse, sedentarismo, obesidade, hipertensão, etc…
Do ponto de vista cardiológico, qual a melhor dieta alimentar?
Dr. Eduardo Costa - Uma dieta bem balanceada, rica em verduras, legumes, frutas, cereais e carnes magras são as melhores opções. Dê preferência para os alimentos mais naturais, me-nos processados industrialmente, e aqueles ricos em fibras e em gorduras “saudáveis”, como o azeite de oliva (em pequenas quantidades). Para pessoas com necessidades alimentares especiais, como os atletas, obesos, portadores de doenças do metabolismo, dos rins, fígado, etc, uma avaliação com nutricionista é sempre recomendada.
Quais as novidades terapêuticas que surgirão no arsenal cardiológico?
Dr. Eduardo Costa - Os avanços na medicina são muito amplos e dinâmicos. Acredito que os testes genéticos que poderão detectar pessoas de risco elevado em desenvolver doenças cardiovasculares serão de grande utilidade num futuro breve.
O que é a chamada “Morte Súbita”?
Dr. Eduardo Costa - É a morte que ocorre de forma repentina e inesperada, não associada à traumas físicos ou doenças agudas. É frequentemente confundida como “morreu de infarto”, quando na verdade quase sempre é devido às arritmias cardíacas graves, que podem estar associadas ou não a “entupimentos”nas artérias do coração. Há formas bastante eficientes de prevenção da morte súbita nas pessoas de alto risco. Consulte seu cardiologista e informe-se!
O que é “arritmia”?
Dr. Eduardo Costa - Chama-se de “arritmia” qualquer distúrbio do ritmo cardíaco, ou seja, batimentos cardíacos rápidos, lentos ou ainda “descompassados”, com ou sem sintomas, desproporcionais às necessidades do organismo. Existe uma infinidade de “tipos” de arritmias, a maioria delas sem nenhuma gravidades (felizmente!!!), porém algumas outras são extremamente sérias. Somente seu cardiologista poderá esclarecer cada caso, após minunciosa análise clínica e exames complementares.
Dr. Eduardo Rodrigues Bento Costa
Especialista em Eletrofisiologia, Arritmias Cardíacas e Marcapasso.
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